Da Agência Brasil
O jornalismo como veículo fundamental para o registro dos processos
sociais e da história de um país foi a tônica do Seminário Jornalismo e
Memória, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio e
pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN).
Autor das biografias de Garrincha e Carmen Miranda, o jornalista Ruy
Castro, inveterado apaixonado pelos arquivos dos veículos de imprensa,
chamou a atenção para a necessidade de uma busca ativa nos acervos
pessoais dos jornalistas, muitos deles riquíssimos, que tendem a se
perder com o tempo. “Parece que as viúvas têm um grande prazer em jogar
fora toda a papelada”, brincou o escritor, que completou dizendo que
esses acervos podem preencher vazios importantes na história da imprensa
brasileira e, por meio dela, do próprio registro da história nacional.
Outro participante do evento, o jornalista Sérgio Cabral, falou da
peculiaridade de quem pesquisa a memória de um país, seja em que
temática for. “Eu descobri, neste tipo de trabalho, que o ser mais
solitário do mundo é o pesquisador. Aquele bando de pessoas, um não
tinha nada a ver com o outro. Um estava pesquisando sobre memória da
moeda, outro sobre política externa e eu, ali, pesquisando samba”,
destacou Cabral, um dos fundadores do Pasquim e outro defensor
da importância dos arquivos dos jornais no próprio funcionamento das
redações, ao lembrar de suas próprias experiências pesquisando o acervo
da FBN.
Pontos comuns na opinião dos participantes do seminário, além do papel
de registro histórico da imprensa, foram a importância das instituições
públicas e privadas na manutenção da memória dos jornais e mesmo na
manutenção de exemplares e o lamento do processo de perda de acervos de
pesquisa de grande número de jornais do Rio de Janeiro. Segundo Castro,
esses acervos hoje compõem cerca de um terço do total de 40 anos atrás.
Também teve destaque no debate o crescimento dos estudos sobre a
história da mídia, que, segundo a pesquisadora Alzira Abreu, da Fundação
Getulio Vargas (FGV), são, em grande medida, responsáveis pela melhoria
dos arquivos e sua sistematização, processo esse devedor do surgimento
dos programas de pós-graduação em comunicação, história e ciências
sociais, a partir da década de 1970.
A mesa tema do evento foi coordenada pelo jornalista Marcelo Beraba e
contou ainda com a participação do presidente da FBN, Galeno Amorim, e
da pesquisadora da Casa de Rui Barbosa Joëlle Rouchou. Com o seminário, o
Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio encerrou a primeira fase
do projeto Centro Cultural e Memória do Jornalismo.
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