domingo, 6 de fevereiro de 2011

ÓCIO MAU SÓCIO

Do Jefhcardoso.blogspot.com

Penso que o ócio não seja um bom sócio nesta vida. Há quem preze e se dedique demasiadamente a fazer nada. Há quem se gabe por ter muito tempo para a ociosidade. Há quem almeje ter todo o tempo livre. No entanto, a ociosidade trás em si uma moléstia, que, a meu ver, é das mais graves - a falta de sentido.
Conheci certa vez o caso de um homem chamado Fridolin, que por questões conjugais acabou por ambicionar mais tempo ocioso, a fim de dedicar-se a ocupações libertinas como meio de vingança. Pôs em risco não somente a sua relação conjugal como a própria pele. Enveredou por caminhos que poderiam perfeitamente ter encerrado sua carreira de médico, destruído sua bela família, e até mesmo ceifado sua vida. O ócio para aquele homem seria um veneno letal. Quem narrou à história de Fridolin foi o ex-médico e escritor vienense Arthur Schnitzler no livro “Breve Romance De Sonho”.
Diz a lenda (Wikipédia) que entre os contemporâneos de Schnitzler figurou ninguém menos que Sigmund Freud. E que, em certa carta, Freud teria dito ao escritor: “Sempre que me deixo absorver profundamente por suas belas criações, parece-me encontrar, sob a superfície poética, as mesmas suposições antecipadas, os interesses e conclusões que reconheço como meus próprios. Ficou-me a impressão de que o senhor sabe por intuição – realmente, a partir de uma fina auto-observação – tudo que tenho descoberto em outras pessoas por meio de laborioso trabalho.” (FREUD, 1922).
Isso não é algo impressionante? Eu achei. Portanto, vamos respeitar o exemplo de Fridolin.

Algo mais caseiro ocorreu comigo. Certa vez, durante uma de minhas sessões de Fisioterapia, em meio a um esforço gigantesco para colocar-se de pé, um senhor - o qual trago com muita atenção e carinho entre os meus mestres nessa vida - disse-me, olhando em meus olhos: “Meu filho, feliz é o homem que pode ficar de pé quando quer. Feliz é o homem que acorda de manhã e sabe que possui uma ocupação. Filho, feliz é você!” Bem, eu disse algo tentando elevar a estima dele naquele momento, mas fato é que, qualquer coisa que eu tenha dito na ocasião, fora pouco para contrapor à sabedoria das palavras que ouvi. Uma pessoa trabalha por diversas razões. Uma das mais fortes é o sustento. A mais nobre é o servir. A mais secreta é o reconhecimento. E a mais providencial é repelir o ócio.
 
 
 
 

Um comentário:

  1. Marcus Galvão, é uma honra figurar entre as postagens de seu blog. Muito obrigado, amigo! Conto com seu apoio. Grande abraço!

    Jefhcardoso

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